Sozinha, tranquila e de bem com a vida [...]
É aquela velha história, seria bom ter uma parceria em vida, um corpo aqui perto, entrelaçando energias neste inverno, uma alma amiga para construir momentos leves e colorir os dias. Seria muito bom ter aqui por perto um encontro simples e profundo. Mas parece que o mundo anda complexo e raso. É aquela velha história, está fácil tirar a roupa, mas despir a alma ninguém tem coragem. Está fácil abrir o corpo e a casa, mas pouca gente quer compartilhar as intimidades. Está fácil encontrar embalagens que combinam, mas não profundidades que se mergulham. É fácil encontrar uma companhia que se encanta com o que em mim é superfície, com a minha casquinha de caramelo. Mas é difícil alguém que entenda que minha casca é delicada demais e se quebra facilmente e dentro existe um grande mistério. E eu aqui comigo mesma, já sei que a minha versão mais bonita e plena surge no ambiente que eu posso ser frágil, sensível e exagerada. Mas às vezes acho que muita gente gosta do que é forte, racional e comedido. E eu aqui sozinha, já vivo nesse lugar do simples e do profundo. No lugar de uma alma que se permite a amplitude. E gostaria de me compartilhar sim, mas só se for assim, porque eu já não consigo mais evitar dizer o que penso, não deixar transbordar meus sentimentos e engolir meus questionamentos. Eu extravaso. Eu aqui comigo gosto de ser livre no viver, no expressar, e muita gente confunde liberdade com libertinagem, curiosidade com fugacidade, contraversão dos costumes com descontrole, abertura para vida com entrada franca para a minha privacidade. Aí eu também não quero que entrem!
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